O sistema nervoso é o conjunto de órgãos e estruturas que coordenam as funções vitais, sensoriais, motoras, cognitivas e comportamentais dos animais. Ele é formado pelo sistema nervoso central, que compreende o cérebro e a medula espinhal, e pelo sistema nervoso periférico, que compreende os nervos e os gânglios.

Os distúrbios neurológicos são as alterações que afetam o funcionamento normal do sistema nervoso, causando sinais clínicos que podem variar de acordo com a localização, a extensão, a gravidade e a evolução da lesão.

Neste artigo, vamos abordar os principais distúrbios neurológicos que acometem cães e gatos, como eles são diagnosticados, tratados e prevenidos. Acompanhe e saiba mais sobre esse assunto.

Quais são os principais distúrbios neurológicos em cães e gatos?

Existem diversos distúrbios neurológicos que podem afetar cães e gatos, e que podem ser classificados de acordo com o sistema nervoso afetado: central ou periférico.

Alguns dos distúrbios neurológicos mais comuns em cães e gatos são:

Epilepsia

É a ocorrência de crises convulsivas recorrentes e espontâneas, que podem ser causadas por uma alteração primária no cérebro (epilepsia idiopática) ou por uma causa secundária, como trauma, infecção, tumor, intoxicação ou doença metabólica (epilepsia sintomática).

As crises convulsivas podem se manifestar como contrações musculares involuntárias, perda de consciência, salivação excessiva, micção e defecação involuntárias, alterações comportamentais ou sensoriais.

A epilepsia é mais comum em cães do que em gatos, e pode afetar animais de qualquer idade, mas geralmente se inicia entre 1 e 5 anos de idade.

Algumas raças de cães, como o pastor alemão, o labrador, o golden retriever, o beagle, o boxer e o poodle, têm maior predisposição genética para desenvolver epilepsia.

Hérnia de disco

É a extrusão ou a protusão do disco intervertebral, que é uma estrutura cartilaginosa que fica entre as vértebras e que permite a mobilidade e a amortecida da coluna vertebral.

A hérnia de disco pode comprimir a medula espinhal ou as raízes nervosas, causando dor, inflamação, perda de sensibilidade, fraqueza, paralisia ou incontinência urinária e fecal.

A hérnia de disco é mais comum em cães do que em gatos, e pode afetar animais de qualquer idade, mas geralmente se inicia entre 3 e 7 anos de idade.

Algumas raças de cães, como o dachshund, o basset hound, o pequinês, o shih tzu e o beagle, têm maior predisposição genética para desenvolver hérnia de disco.

Meningite

É a inflamação das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A meningite pode ser causada por agentes infecciosos, como bactérias, vírus, fungos ou parasitas, ou por agentes não infecciosos, como traumas, tumores, doenças autoimunes ou reações a medicamentos. A meningite pode causar febre, dor de cabeça, rigidez de nuca, fotofobia, convulsões, alterações comportamentais, neurológicas ou sensoriais.

A meningite é mais comum em cães do que em gatos, e pode afetar animais de qualquer idade, mas geralmente se inicia entre 6 meses e 2 anos de idade.

Algumas raças de cães, como o beagle, o maltês, o pug e o bernese, têm maior predisposição genética para desenvolver meningite.

Neuropatia periférica

É a lesão dos nervos periféricos, que são os que saem da medula espinhal e se ramificam pelo corpo, levando e trazendo informações sensoriais, motoras e autonômicas.

A neuropatia periférica pode ser causada por traumas, infecções, inflamações, tumores, intoxicações, distúrbios metabólicos, vasculares, imunológicos ou genéticos.

A neuropatia periférica pode causar perda de sensibilidade, dor, formigamento, queimação, fraqueza, atrofia, paralisia ou alterações na postura, na marcha ou nos reflexos.

É mais comum em gatos do que em cães, e pode afetar animais de qualquer idade, mas geralmente se inicia entre 5 e 10 anos de idade.

Algumas raças de gatos, como o siamês, o birmanês, o persa e o himalaio, têm maior predisposição genética para desenvolver neuropatia periférica.

Como é feito o diagnóstico dos distúrbios neurológicos em cães e gatos?

O diagnóstico dos distúrbios neurológicos em cães e gatos é feito por meio de uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem, que visam identificar a presença, a localização, a extensão, a gravidade e a causa da lesão no sistema nervoso.

Os exames mais usados são:

  • Exame neurológico, que consiste na avaliação das funções neurológicas do animal, como a consciência, o comportamento, os sentidos, os reflexos, a postura, a marcha, a coordenação, o equilíbrio e a força muscular. Esse exame pode revelar sinais de lesão no sistema nervoso central ou periférico, e indicar o nível da lesão na coluna vertebral.
  • Exame de sangue, que consiste na coleta e na análise do sangue do animal, por meio de métodos bioquímicos, hematológicos e imunológicos. Esse exame pode revelar alterações nos níveis de glicose, de eletrólitos, de hormônios, de enzimas, de proteínas, de células sanguíneas, de anticorpos ou de antígenos, que podem estar relacionados a distúrbios neurológicos de origem metabólica, endócrina, inflamatória, infecciosa, imunológica ou neoplásica.
  • Exame de líquor, que consiste na coleta e na análise do líquido cefalorraquidiano, que é o líquido que circula no interior e no exterior do cérebro e da medula espinhal. Esse exame pode revelar alterações na pressão, na cor, na transparência, na viscosidade, na concentração, na composição química, celular e imunológica do líquor, que podem estar relacionadas a distúrbios neurológicos de origem inflamatória, infecciosa, imunológica ou neoplásica.
  • Exame de imagem, que consiste na utilização de técnicas como radiografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, para obter imagens do cérebro, da medula espinhal, dos nervos e dos órgãos adjacentes do animal. Esses exames podem mostrar alterações como atrofia, dilatação, edema, hemorragia, infarto, inflamação, infecção, malformação, compressão, fratura, luxação, deslocamento, ruptura, degeneração, necrose, calcificação, mineralização, cisto, abscesso, granuloma ou tumor.

Como é feito o tratamento dos distúrbios neurológicos em cães e gatos?

O tratamento dos distúrbios neurológicos em cães e gatos depende do tipo, da localização, da extensão, da gravidade e da causa da lesão no sistema nervoso, e também do estado de saúde e da resposta do animal ao tratamento.

O tratamento pode ser dividido em três modalidades: clínica, cirúrgica e de suporte. Veja a seguir:

Tratamento clínico

Consiste no uso de medicamentos, que podem ser administrados por via oral, intravenosa, intramuscular, subcutânea, intratecal ou intracraniana, dependendo da indicação e da disponibilidade.

Os medicamentos podem ter diferentes objetivos, como controlar as crises convulsivas, reduzir a inflamação, combater a infecção, aliviar a dor, melhorar a circulação, proteger as células nervosas, estimular a regeneração ou modificar o comportamento.

Alguns exemplos de medicamentos usados no tratamento clínico dos distúrbios neurológicos são os anticonvulsivantes, os anti-inflamatórios, os antibióticos, os analgésicos, os vasodilatadores, os neuroprotetores, os neuroestimulantes ou os psicofármacos.

Tratamento cirúrgico

Consiste na remoção ou na correção da lesão no sistema nervoso, por meio de uma incisão no crânio, na coluna vertebral ou na pele, dependendo da localização e da acessibilidade da lesão.

O tratamento cirúrgico pode ter diferentes objetivos, como descomprimir a medula espinhal ou as raízes nervosas, retirar um tumor ou um cisto, drenar um abscesso ou um hematoma, reparar uma fratura ou uma luxação, corrigir uma malformação ou implantar um dispositivo.

O tratamento cirúrgico requer anestesia geral, internação, monitoramento e cuidados pós-operatórios, e pode apresentar riscos e complicações, como sangramento, infecção, lesão de órgãos ou recidiva da lesão.

Tratamento de suporte

Que consiste na prestação de cuidados gerais ao animal, que visam manter as suas funções vitais, prevenir complicações, melhorar o seu conforto e acelerar a sua recuperação.

O tratamento de suporte pode incluir medidas como hidratação, nutrição, oxigenação, termorregulação, fisioterapia, acupuntura, estimulação elétrica, massagem, mobilização, alongamento, exercícios, brincadeiras, enriquecimento ambiental, carinho e atenção.

Como prevenir os distúrbios neurológicos em cães e gatos?

A prevenção dos distúrbios neurológicos em cães e gatos é fundamental para evitar a ocorrência ou a recorrência de lesões no sistema nervoso, que podem comprometer a qualidade de vida, o bem-estar e a sobrevivência dos animais.

Algumas medidas de prevenção são:

  • Proteger o animal de traumas, que podem ser causados por quedas, atropelamentos, brigas, mordidas, tiros, choques elétricos ou outros acidentes. Para isso, é preciso manter o animal sob supervisão, evitar que ele saia de casa sem coleira ou guia, evitar que ele brinque com objetos perigosos ou cortantes, evitar que ele se aproxime de fios elétricos ou de fontes de calor, e evitar que ele se envolva em situações de risco ou de conflito.
  • Vacinar o animal contra doenças infecciosas, que podem afetar o sistema nervoso, como a raiva, a cinomose, a leptospirose, a leucemia felina, a peritonite infecciosa felina, a toxoplasmose ou a criptococose. Para isso, é preciso seguir o calendário de vacinação, que deve ser indicado pelo veterinário, e manter o animal em dia com as doses de reforço.
  • Vermifugar o animal contra parasitas, que podem afetar o sistema nervoso, como a dirofilariose, a esquistossomose, a neurocisticercose, a neurotoxocaríase ou a neuroangiostrongilose. Para isso, é preciso administrar periodicamente os vermífugos, que devem ser indicados pelo veterinário, e evitar que o animal ingira ou entre em contato com fezes, carnes cruas ou mal cozidas, água ou solo contaminados.
  • Controlar o peso e a alimentação do animal, que podem influenciar no metabolismo e na circulação do sistema nervoso, e que podem estar relacionados a distúrbios neurológicos de origem endócrina, vascular ou degenerativa. Para isso, é preciso oferecer ao animal uma dieta balanceada, de acordo com a sua idade, o seu peso, o seu estado de saúde e as suas necessidades nutricionais, e evitar que ele consuma alimentos inadequados, como chocolate, uva, cebola, alho, abacate ou xilitol.
  • Estimular o exercício e o enriquecimento ambiental do animal, que podem melhorar a oxigenação e a nutrição do sistema nervoso, e que podem prevenir ou retardar distúrbios neurológicos de origem degenerativa ou comportamental. Para isso, é preciso proporcionar ao animal uma rotina de atividades físicas e mentais, que sejam adequadas ao seu porte, à sua idade e ao seu temperamento, e que sejam divertidas e desafiadoras, como caminhadas, corridas, brincadeiras, jogos, truques, quebra-cabeças ou caça ao tesouro.

Neste artigo, você aprendeu quais são os principais distúrbios neurológicos que acometem cães e gatos, como eles são diagnosticados, tratados e prevenidos.

Esperamos que essas informações sejam úteis para você cuidar bem do seu animal de estimação, e também da sua saúde.

Lembre-se de sempre consultar o veterinário em caso de dúvidas ou suspeitas de distúrbios neurológicos.

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